Esse é um assunto bem quente. Não porque seja uma grande novidade ou algo assim, mas principalmente por ser polêmico.
A onda Outsourcing é parecida com o do downsizing, da reengenharia e de muitas “reestruturações” de empresas: ir a extremos para “cortar custos”. Empresas mais maduras já entendem que muitas vezes o custo total (do retrabalho, falha nas entregas, etc.) é muito maior quando a decisão de fazer outsourcing é tomada sem critério.
Dito isto, não acredito que exista uma resposta simples para a pergunta do título deste artigo. Contudo, acredito, sim, que uma regra simples deve ser utilizada no processo de tomada de decisão.
O serviço sendo considerado para ser outsourced é “core” ou estratégico para o negócio da minha companhia?
[ ] Sim – A princípio, outsourcing não deve ser considerado.
[ ] Não – Outsourcing é provavelmente uma boa opção.
A regra é simples, mas responder a pergunta do que é “core” ou estratégico muitas vezes nos faz enveredar por um caminho bem mais tortuoso do que incialmente imaginamos.
Especialmente porque o CIO ou gestor de TI de uma companhia vai precisar discutir esse assunto com outros stakeholders (por exemplo, diretores de outra áreas). A decisão ideal é o resultado de uma visão compartilhada dos participantes da discussão. Não vou me enveredar agora em questões relacionadas a planejamento estratégico, tais como Análise SWOT, Missão e Visão, Balanced Scorecard, etc. Sugiro, somente, que algum método estruturado para se chegar a uma conclusão compartilhada seja utilizado. Do contrário a discussão pode ser demorada e dolorosa.
Uma vez que os objetivos estratégicos de mercado, financeiros, processuais, etc. da companhia estão esclarecidos, temos uma veredito sobre outsourcing, correto? A princípio, sim.
Contudo, se mesmo assim por questões, por exemplo, de custo, a decisão for a de se efetuar o outsourcing do serviço em questão, aqui vão algumas considerações:
Conceito | Básico | Desejável |
Seleção de fornecedores | Analise cuidadosamente os fornecedores sob todos os aspectos. O custo é importante, mas a capacidade de entrega é primariamente o que deve ser analisado. Uma vez que o serviço é estratégico ou “core”, um processo formal e detalhado de análise de potenciais fornecedores deve ser utilizado, tal como RFIs e RFPs | Se possível e se o tempo estiver a seu favor, uma prova de conceito é extremamente desejável. Normalmente os fornecedores que “confiam no seu taco” não se opõem a POCs. Outra modalidade de avaliação detalhada é o “try and buy”. Contudo cuidado: muitas vezes o “try” faz com que você, essencialmente, tenha se tornado dependente do fornecedor e não tenha muita escolha senão partir para o “buy”. |
Visibilidade | Utilize como um dos critério primordiais no processo de definição do fornecedor a visibilidade que este o dará durante a execução do serviço. Como em sua maioria das vezes o serviço será executado fora da empresa cliente, a possibilidade de se visualizar o estágio, estado e passos intermediários do serviço é essencial para que você não receba “presentes de grego” nas entregas do fornecedor. | Se possível e cabível, faça uso do “in house outsourcing”: use serviços outsourced dentro da estrutura da sua própria empresa para poder acompanhar o andamento do serviço ou projeto de perto. |
Qualidade | Questões de controle e garantia de qualidade tornam-se ainda mais delicadas… portanto tente associar remuneração a entregas com “aceite formal” | Implemente cláusulas contratuais que penalizem monetariamente o fornecedor no caso de erro ou quebra de SLA (o que faz mais sentido em serviços de operação de sistemas financeiros tais como folha de pagamento, contabilidade etc.) |
Gerente local | O papel do gestor ou gerente do projeto/serviço também deve ser desempenhado por alguém com as competências adequadas da empresa cliente, e não somente por um representante do fornecedor. Desta forma temos um “pai para a criança” e “blindamos” ainda mais a qualidade das entregas. | Apesar da gestão ser compartilhada entre cliente/fornecedor, a responsabilidade final é a do cliente. Para o fornecedor, um resultado negativo pode significar a perda de um cliente. Para o cliente, a perda de uma oportunidade que pode ser, no limite, “time sensitive” e com impacto relevante em seu negócio. |
Não há regra geral, mas existem alguns serviços de TI que são comumente considerados como commodities e, portanto, são candidatos a serem outsourced:
- Data centers;
- Colocation/hosting;
- Suporte a infra-estrutura de rede e servidores;
- Backups/restores;
- Email, Calendário, Contatos;
- etc.
Serviços que ficam geralmente em uma “área cinza” que dependem de uma análise mais detalhada como a citada neste artigo:
- Desenvolvimento de Software;
- Administração dos servidores ;
- Business Intelligence (desenvolvimento);
- Software-as-a-service (CRM, Folha de Pagamento, Recrutamento/RH, etc.)
Alguns serviços que pessoalmente não recomendo serem outsourced:
- Gerência de Projetos;
- Gerência de Requisitos;
- Planejamento Estratégico de TI (apoio consultivo, OK);
- Gerência de operações de TI;
- Gerência SOX TI;
- etc.
Mesmo a lista acima pode variar bastante, dependendo de cada caso. Portanto, analise bem e pense: por que fazer Outsourcing quando se pode fazer “Rightsourcing”?
Cheers!
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